• "Um blog do cacete!" - Folha de São Paulo

  • "A resolução que recomendo para a leitura deste blog é 1024 x 768." - Stevie Wonder
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    quarta-feira, novembro 23

    Up yours, George W. Bush! Literalmente falando, claro.

    Vejam este vídeo.

    A torre solar é um aproveitamento da energia solar. Gera energia eléctrica através de turbinas postas a girar pelo fluxo de ar quente, que sobe do solo até ao topo da torre. A potência instalada é grande, portanto pensa-se que o investimento será rentável. A BP, que quer criar uma imagem de empresa produtora de energia, está metida ao barulho neste projecto.

    Aqueles de vocês menos idiotas já devem ter chegado à conclusão de que a consciencialização ambiental só vai até um certo ponto. A saúde futura do planeta passa inevitavelmente pela tecnologia, e os aproveitamentos de energias renováveis existentes são obsoletos ou de fraca produção. Este projecto é ambicioso, mas é sem dúvida um passo no caminho certo. Porque pelo menos demonstra que neste campo há ideias, interesse em investir quantias avultadas e ainda que existe gente que acha que afinal de contas não é assim tão boa ideia cagarmos isto tudo.

    Aquela pequena mancheia de leitores mais antigos do Zoo que ainda se deve lembrar dos velhos tempos deste blog já deve ter reparado

    que, pois é verdade, voltei a semear links pelo meio dos meus textos.

    terça-feira, novembro 22

    Português Suave - Baixo Teor


    Aflige-me um bocado quando ouço alguém dizer

    "Isto só em Portugal! Depois não admira que estejamos na cauda da Europa!",

    não só porque a Europa não é um cão nem nós somos uma pulga, mas porque me irrita a mania que os Portugueses têm de ser auto-depreciativos desta maneira. Não me interpretem mal: o que me aflige não é esta atitude negativa que não leva a melhorias nenhumas, nem é este deitar abaixo de um povo que, francamente, não é assim tão mau. Não, aquilo em que eu reparo é na hipocrisia inerente a este tipo de afirmações. "Isto só em Portugal" é uma expressão imensamente usada para caracterizar os piores males que se podem abater sobre uma sociedade. E "só em Portugal" porque o Português não concebe que possa existir um país no planeta em que as coisas sejam piores. Isto porque o Português no fundo é orgulhoso e gosta de saber que é o melhor em alguma coisa, nem que essa coisa seja ser o pior de todos. Porque, convenhamos, é muita vaidade nossa dizermos

    "Estas merdas só neste país"

    com tanto país do terceiro mundo que aí há no mapa. Não interessa explicar ao Xôr Antunes

    "Olhe que não é bem assim, amigo, lá no Iraque por exemplo as coisas estão feias"

    que levamos logo com

    "Pois mas lá ao menos há Amaricanos"

    e temos que nos calar perante tão assombrosa retórica. Não interessa que haja guerras em todo o mundo menos em Portugal: isso é um pequeno ribeiro comparado com o mar tormentoso do nosso défice. A globalização é canja para quem já esteve à beira de uma regionalização. Vamos ter uma das maiores centrais fotovoltaicas do mundo no Alentejo e desenvolvemos software para a NASA: isso são batatas porque temos os carros mais caros da Europa.

    O que se passa é que, como já devem ter reparado, há uma data de coisas típicas que o Português tem como queridas e das quais não abre mão, todas elas acabadas em -inho: o vinhinho, o queijinho, o peixinho, o portinho, o solzinho, o fadinho, etc. Para o cidadão nacional, que no fundo tem orgulho da sua terra, todas estas coisas atingem o vinícolas mais famosas do mundo inteiro, também a nossa tendência para sermos mauzinhos é ímpar no planeta. E, tal como em relação à nossa enologia, não admitimos que alguém nos dê cartas nesta área, porque julgamos que somos os melhores a ser maus. Por isso é que acho hipócrita dizermos

    "Isto este país vai de mal a pior"

    uma vez que esta frase transmite um enorme orgulho em ser Português. Porque tudo bem que somos maus. Mas ao menos somos os piores.

    Afinal

    até nem sou assim tão mau webmaster quanto isso.

    sexta-feira, novembro 18

    Jimmy

    Meus amigos... humor puro! Sempre se varia um bocado das piadas com trocadilhos pornográficos disfarçados de conselhos médicos

    Não comam pito

    sobre a gripe das aves.

    terça-feira, novembro 15

    Uma tristeza de Manuel

    Há uns dias ouvi na rádio uma notícia sobre Manuel Alegre, que incluía uma peça de entrevista ao mesmo, que informava os ouvintes que este candidato não tinha votado no Orçamento de Estado para 2006. Alegre justificou dizendo que tinha definido prioridades (o que é sempre de louvar), e que a principal eram as Presidenciais. Ao que parece,

    "Não votei contra, não aprovei, fiz o que a consciência me ditou",

    pelo que o PS não o podia criticar. E agora pergunto: Apesar de ser conhecida a quezila recente entre o PS e Alegre, não terá este último uma palavra a dizer sobre um assunto como o OE 2006? Não tem uma opinião própria, independente do que o seu partido fez ou deixou de fazer? E não seria boa ideia para alguém que quer ser Presidente da República dar essa opinião - porque foi para isso que ele foi lá posto! -, ainda para mais acerca de um assunto tão importante e delicado como é o Orçamento de Estado de um país em rotura económica que quer embarcar em odisseias megalómanas como o TGV e a Ota? Reparem bem: mesmo sabendo isto tudo, Manuel Alegre entendeu que serviria melhor a pátria investindo na sua campanha do que cumprir um dever básico de um político.

    Isto é um bocado como quem diz que vai fazer dieta e toma comprimidos para poder continuar a enfardar à bruto. Só por causa disto o meu voto não levas tu, não!

    domingo, novembro 13

    Quem me dera ter um euro por cada vez que ouvi isto I

    "Mário Soares diz que vai derrotar Cavaco Silva".

    quinta-feira, novembro 10

    O que lhe caiu foram os colhões, foi o que foi.

    Quando René Goscinny morreu, deixou órfãos os seus mais famosos heróis: Lucky Luke e Astérix. É notório o decréscimo de qualidade no argumento e no texto das aventuras destes dois desde que Goscinny partiu. Lucky Luke passou por vários argumentistas, um verdadeiro bordel deles, e nenhum conseguiu fazer justiça ao génio original. Mas tudo bem, o cowboy solitário continuou a disparar mais rápido do que a própria sombra, e não é sobre ele que quero falar. Já as aventuras de Astérix passaram a ser comandadas por Uderzo. Este senhor, com bastante talento para o desenho mas com um notório atraso cerebral, decidiu produzir e realizar A Rosa e o Gládio, o primeiro fascículo do gaulês publicado após a morte de Goscinny. Já aí se percebia que Astérix nunca mais seria o mesmo. Notava-se uma certa "esquisitice" nos textos, no desenrolar da acção e mesmo nas passagens entre quadradinhos. Mas, mais uma vez, tudo estava bem: nunca poderíamos exigir que as coisas fossem iguais sem o dedo de Goscinny.

    E assim foram passando os anos e Astérix não saiu de cena, mantendo a sua popularidade.

    Até que se publicou este livro da imagem. O céu cai-lhe em cima da cabeça. Vi-o pela primeira vez num escaparate do Continente, e decidi folheá-lo. O título só de si é imbecil. Cai-lhe? Li as primeiras páginas e soltei uma caralhada qualquer. Digamos que, em linhas gerais, a aldeia gaulesa é visitada por seres extreterrestres, do planeta Wendalsity, que viajam numa nave espacial esférica. Aparecem também alienígenas de um outro planeta, Gnama, e anda tudo ao pêro e é uma salganhada e é a pior coisa que já vi na vida.

    Extraterrestres no Astérix? Mas que merda é esta???

    A incoerência com o resto da série destruiu uma das partes mais bonitas da minha infância, que era aquela em que, nos Natais, ficava a ler estes livros ignorando a minha família e só parando para comer bacalhau e chocolates.

    Ao que parece, este álbum é uma tentativa de homenagear o mundo da BD, existindo anagramas de Walt Disney (o planeta Wendalsity) e de Manga (Gnama), que são os melhorezitos que se conseguiu fazer com estas palavras, o que reveste o livro de uma ingenuidade infantil e referências forçadas a ícones da BD. É horrível. Logo na segunda ou na terceira página aparecem os extraterrestres, que paralisaram todos os habitantes da aldeia excepto aqueles que, por acaso, não beberam poção mágica. Isto já não é novo: desde que Uderzo se apoderou da série que existem novos efeitos mágicos da poção mágica, como acontece n'O Pesadelo de Obélix em que a poção mágica transforma pessoas em estátuas de pedra. E, se a subtileza e originalidade dos textos se perdeu em parte com a partida de Goscinny, agora já não resta nada do Astérix original. Apenas uma aldeia de gauleses prostituídos à força por um chulo desenhista.

    O céu cai-lhe em cima da cabeça... Claro que nada disto vai fazer com que as pessoas parem de ler os volumes da série. Mas os antigos! Com os novos, Uderzo faz o mesmo que diziam de Amália: não soube quando parar.

    Eu já disse que tive writer's block, "mas era diferente".

    "One of the most common questions I get is 'Do you ever get writer’s block?'

    The thing I love about that question is that it reveals a wonderful optimism in the person who is asking. I suspect that the people who ask this question believe they possess deep wells of creativity and talent that are inexplicably blocked. All they need is the secret unblocking spell from a cartoonist and then a geyser of bestselling books will spray forth.


    I wish I had that kind of attitude. I imagine myself asking an NBA player how he deals with Jumper’s Block, under the theory that if I can learn how to unblock my jumping skills, I will no longer need a car."

    Isto estava aqui, e esta demonstração tão simples de que não existe writer's block devia provocar uma pequena revolução na blogosfera e sobretudo na atitude dos autores: quando algum bloguista se queixar de estar bloqueado, os leitores saberão que ele é apenas burro*.

    De qualquer forma, este Blog do Dilbert é um achado e vai directo para os links ali do lado.

    *E, como tal, não isento de pagar propinas.

    quarta-feira, novembro 9

    Zoociedadismos

    Quando eu era puto, achava que seria uma pessoa culta e informada se soubesse fabricar palavras acabadas em -ismo ou -ista e aplicá-las a assuntos políticos ou da actualidade. Ficava maravilhado quando via em noticiários televisivos alguém a falar de activistas, facilitismo, pacifismo, e outras palavras semelhantes a que eu atribuía um significado abrangente dentro de uma pequena área do Saber reservada para aquela elite mais iluminada que é frequentemente responsável por grandes obras sociais e políticas. Isso transformava palavras relativamente corriqueiras como oportunismo em raridades lexicais sobre as quais apenas essa elite poderia opinar, uma vez que só os seus membros conheciam o método de construção de palavras usando estes sufixos.

    Hoje, ao fim de tantos anos, pude constatar que essa prática, visivelmente em voga na altura, sofreu o mesmo que qualquer moda: vulgarização. Penso mesmo que já foi ultrapassada a barreira do prostituído, atingindo-se o ridículo com exemplos como este. A falta de classe, a fraca postura de estado e a brejeirice em geral estão presentes em todos os aspectos da política e em qualquer político, por muita seriedade que aparente, parece-me.

    Se lerem toda a notícia, tudo acabou bem e com distribuição de medalhas no final. Mas que Jorge Sampaio era um condecoracionista já todos sabíamos.