• "Um blog do cacete!" - Folha de São Paulo

  • "A resolução que recomendo para a leitura deste blog é 1024 x 768." - Stevie Wonder
  • Powered by Blogger

    segunda-feira, março 6

    O ridículo da transmissão por rádio de uma cerimónia de cinema OU Devia era ter acompanhado os prémios Rizzo.

    A entrega dos Oscars é um espectáculo bastante engraçado, sobretudo porque apenas dá uma vez por ano. Se assim não fosse teria o mesmo interesse do Portugal no Coração, visto que também nesta nacional intervenção televisiva se trata de entretenimento, se bem que por vezes haja gente idosa que liga para lá a instruir o público sobre receitas de chamuças e a dureza da vida no eixo Suíça-França-Luxemburgo e a mamar no Tony Carreira porque não têm mais nada para fazer. O que até se compreende porque a reforma é curta e mal dá para os remédios, mas lá deixar de assistir e ligar para estes programas de merda para poupar uns trocos na conta da luz e do telefone é que os velhos não fazem.
    A maioria das pessoas assiste à cerimónia dos Oscars na televisão. Eu ouvi na rádio. A edição do espectáculo hollywoodesco é bastante semelhante nestes dois canais de difusão, mas com algumas diferenças óbvias. A mais importante é o preenchimento dos espaços com efeitos visuais que, na rádio, são um vazio. Na televisão, se aparecer um actor a dirigir-se ao microfone para apresentar o prémio seguinte, a imagem mostra essa acção e o telespectador vê apesar de não ter falas. Na rádio, é como se nada se passasse, pelo que o staff tem que preencher esse vazio da única forma possível: falando. Ora, como os Oscars são em directo, e os locutores gostam de cinema, é lógico pensar que estes senhores quererão prestar mais atenção à emissão da cerimónia

    e eu sei que eles a estão a ver na televisão

    do que propriamente à sua trasmissão hertziana. Portanto, o que acontece é que os locutores ficam com aquele ar vidrado, colados à televisão, e balbuciam calinadas como uma que apanhei ontem, em que um dizia que o Resgate do Soldado Ryan tinha disputado um Oscar com o Chicago - e estes dois filmes foram à cerimónia da academia com 4 anos de diferença.
    E outra coisa que acontece é que, para preencher um destes referidos espaços vazios, os locutores começam a falar, mas logo de seguida um actor também fala e o locutor ainda não acabou a frase que começou. Como deve ir contra os princípios básicos da radiofonia interromper frases a meio, o locutor fala por cima do actor, e não é para traduzir o que ele está a dizer. Não ouvi uma palavra do que se disse ontem na cerimónia, e eu adoro o Jon Stewart! Isto já para não falar das conversas imbecis que os locutores tinham uns com os outros: deve ter sido por estar lá entre eles uma gaja. Os radiofónicos também amam e têm os consequentes impulsos hormonais.
    Digamos em jeito de conclusão que fiquei logo com saudades do Portugal no Coração, mas lembrei-me de que o Malato é também ele um locutor de rádio e deu-me uma tristeza maior do que aquela que dá aos velhinhos que assistem aos programas da manhã quando chegam a meio do mês e concluem que têm que cortar nos comprimidos do fígado para poderem ver os emigrantes lusos, ao telefone lá tão longe no estrangeiro valha-me Deus, a chorar miséria via satélite.

    Comentários a "O ridículo da transmissão por rádio de uma cerimónia de cinema OU Devia era ter acompanhado os prémios Rizzo."

     

    Anonymous Anónimo disse ... (3:27 da manhã) : 

    Wild Guess ... ficaste sem electricidade e encontraste um rádio a pilhas! :)

     

    Blogger batukada disse ... (2:55 da tarde) : 

    O Zoociedade está o máximo, ru! beijinho!

     

    Comentar