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    sexta-feira, novembro 26

    Como o proletariado se vinga de alguém que o subestima. Podia ter sido pior: ele tinha um canivete no bolso

    Os clientes das tascas são portadores da sabedoria no seu estado mais puro. Hoje, numa tasca onde fui jantar com o meu pai, um homem que se sentou ao nosso lado explicou-nos tudo sobre a pesca do bacalhau ("Isto agora o bacalhau não presta, é pescado, aberto e atirado logo para a cave do barco"), o processo de fabrico do presunto ("Quarenta dias certinhos ao fumeiro"), e a formação de bolor no pão ("Já deixou algum desses pães de agora uns dias por aí?"). Claro que pensei de cima, desdenhando a sua necessidade de mostrar a popular sabedoria manual: "Mais um bêbedo das tascas que tem a mania que quem não cava a terra é porque não trabalha e que no tempo dele o mundo era uma maravilha e agora é a espiral do inferno". Até que ele se sai com esta: "E tu, que és mais novo, sabes qual é o animal que tem as patas na cabeça?"
    E eu, distraído, sem a guarda subida, caí que nem um patinho. Esta é muito velha, eu sabia-a, já a tinha visto nos pacotes de açúcar Nicola. Foi um pequeno castigo, merecido, ver o velhote a rir-se às minhas custas.

    (O piolho.)

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